Novos museus agitam a programação cultural


A iniciativa tem-se firmado pelo ecletismo e diversidades dos acervos disponíveis
FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS
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Os museus serão importantes equipamentos como atividades extraclasse para os estudantes da região, que terão a oportunidade de incorporar em sua linguagem os ciclos produtivos da História do Brasil
Nova Olinda. Um projeto que tem redimensionado a História do Cariri, por meio de ícones, e inaugurado uma nova forma de pensar espaços em museus. O projeto Ecomuseus da Chapada do Araripe, uma História em cada Canto, vem sendo desenvolvida incorporando espaços contextualizados com a sua trajetória. O trabalho tem rendido bons resultados, com a inauguração, em dezembro do ano passado, do Museu do Couro, em Nova Olinda. Em 1º de maio, mais uma conquista para a região, a inauguração do Museu do Icasa, em Juazeiro do Norte.
O projeto conta com a iniciativa do presidente da Fundação Casa Grande, Memorial do Homem Kariri, Alemberg Quindins. Ele traça um perfil que adentra a história dos ciclos produtivos experimentados pela região e sua relação com o processo de desenvolvimento, além das influências social, ambiental, econômica e cultural.
O próximo trabalho vem merecendo uma atenção no campo da pesquisa histórica, no qual Alemberg tem se debruçado para traçar a trajetória do ciclo da monocultura do algodão no Nordeste e como se deu no Cariri, por meio do Museu do Icasa. Com isso, já chegou a personagens importantes, como o Padre Cícero, com o seu pioneirismo em Juazeiro do Norte, ao adquirir a primeira máquina a vapor para o beneficiamento do algodão, entre 1908 e 1911. Um acervo fotográfico sobre a história do maior time da região do Cariri, contando a sua trajetória, além dos troféus, conquistas marcantes do esporte local, está sendo levantado, para ficar exposto de forma permanente.
O Museu do Icasa já se encontra com 50% do seu espaço montado. Fica no Centro de Treinamento do time, no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte, onde também funciona a escolinha de futebol do Icasa, com 350 crianças da região. Para falar deste período produtivo, personagens como Luiz Gonzaga, além do Padre Cícero, não deixariam de ser citados, além de momentos emblemáticos dentro desse processo de expansão no mundo, com a Revolução Industrial, na Inglaterra, e os árabes que iniciaram o processo, com o uso da matéria-prima.
Atividades
Os museus serão importantes equipamentos com atividades extraclasse para os estudantes da região, que terão a oportunidade de incorporar em sua linguagem os ciclos produtivos da História do Brasil. Uma forma de aprendizado diferenciado. O ciclo do couro, por exemplo, aborda de maneira ampla o Nordeste e como se deu a entrada na região. Mas o personagem principal tem a sua foto de destaque na sala da casa adquirida pelo mestre Espedito Seleiro, que busca deixar o acervo permanente, contando com objetos pessoais, desde o avô também seleiro ao pai. Uma trajetória familiar que anda junto com o processo que marca também a trajetória das boiadas no sertão e os aboiadores. "Um sonho realizado, para que as pessoas não esqueçam dessa atividade tão importante no sertão nordestino", diz ele.
O Museu do Couro de Nova Olinda, conforme Espedito, tem recebido um bom público desde que foi aberto, chegando a mais de mil pessoas que deixaram a sua assinatura no livro de visitantes. Além do espaço de exposição permanente de acervo fotográfico e objetos, o museu conta também com área destinada às oficinas. Para Alemberg, essa é uma forma de apresentar uma dinâmica diferenciada dos espaços dos museus, possibilitando às pessoas a oportunidade de perceber como esses artefatos são produzidos.
Um dos pontos importantes para a busca desses espaços tem sido a grande diferença, já que não são necessários recursos astronômicos para montar as áreas de visitação. Claro que contando com parcerias, além de trabalhos com voluntários, os recursos para implementação do Museu do Couro chegaram a R$ 7,5 mil. A casa, modelo das edificações sertanejas, foi adquirida pelo mestre Espedito.
Já para execução do Museu do Icasa, a renda com a venda do livro Icasa do Meu Coração, de autoria de Alemberg Quindins, é uma das principais receitas direcionadas ao novo Ecomuseu. Já lançado no Cariri e em Fortaleza, o autor fará o lançamento do livro no dia 6 de abril, em Lisboa, Portugal; e no dia 7, em Coimbra. No dia 21, ocorrerá em São Paulo. O projeto para o Museu do Icasa terá investimentos na execução de R$ 10. 536,00. Segundo o presidente da Fundação Casa Grande, esses valores desmistificam a visão de ter que investir "quantias astronômicas" para equipamentos dessa natureza.
Enquanto isso, Alemberg vem aguardando definições de parcerias, como o Geopark Araripe. A meta é integrar os ecomuseus ao circuito ao projeto, que insere seis cidades da região. Ele destaca a importância de desenvolvimento desses projetos, que, de certa forma, tiveram passos iniciados com o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, além do Memorial do Homem Kariri. Nos museus também está sendo desenvolvido o projeto da TV Casa Grande, por meio de uma programação voltada para o Cariri. (E. S.)

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