Juazeiro do Norte ganha um novo espaço cultural

Logo na entrada do Casarão, fotografias de uma família que viveu no século XIX. A história dessas pessoas conta bastante da história de Juazeiro do Norte. O local, que já foi coletoria do Município, hoje é um abrigo de memórias preservadas por meio de móveis, documentos e vários artigos de diferentes épocas.
A primeira proprietária foi Joana Tertulina de Jesus, a popular beata Mocinha, conhecida também como a cuidadora do Padre Cícero Romão Batista. Logo depois, foi adquirida por José Ferreira de Menezes, que, além de amigo, também prestava serviços ao sacerdote como advogado. Lá, aconteceram as principais reuniões para a conflagração da Sedição de Juazeiro e também serviu de esconderijo para as armas do conflito.

Mudanças
Hoje a propriedade pertence aos descendentes de José Ferreira de Menezes e passou por uma reforma há alguns anos. A casa, que tinha até um cantinho para o Padre Cícero armar sua rede, guarda um acervo de memórias, com peças que recontam costumes e narrativas de diferentes perspectivas e que agora estão acessíveis a visitação.
Além do desejo de restaurar a casa em que cresceu e de onde ouviu tantas histórias, Humberto Menezes, neto do José Ferreira, agregou, ao museu um cinema. O sótão da velha casa ganhou as cadeiras do proprietário do extinto cinema de Rua Eldorado, Expedito Costa e agora exibe filmes todas as sextas-feiras, a partir das 19h.
Estudantes
Nas quintas-feiras, Humberto disponibiliza o espaço de projeção cinematográfica para alunos de escolas públicas. A moeda é o interesse individual ou coletivo, de cinéfilos a estudantes. As películas fazem parte da coleção do professor Edimilson Martins, amigo de Humberto. Ele possui mais de 15 mil filmes: "A gente sempre vinha assistir filmes nessa casa antes da reforma, juntávamos mais alguns amigos e colocávamos um projetor no muro do quintal, quando ele decidiu fazer desse espaço um cinema, eu me dispus a trazer os filmes".
Roteiro de fé
O casarão fica localizado na Rua Padre Cícero, 158, próximo À Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores e outros locais que possuem uma importância fundamental dentro da fé popular. Dos mais de dois milhões de romeiros que passam por juazeiro, possivelmente um pequena parcela conhece o ambiente.
A professora do curso de Administração da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e bisneta de José Ferreira, Waléria Menezes de Alencar, promoveu um evento, em parceria com a Universidade, quando foi inaugurado o museu. Na ocasião, ela falou da proposta do local: "O projeto é que a Universidade se aproprie do lugar para ações de pesquisa, ensino, extensão e cultura, pois é um acervo importante para a memória da cidade".
Durante o evento foram realizadas discussões em torno das "Memórias do Casarão de José Ferreira de Menezes - Cem anos da Revolução de 14", onde também foi debatida a preservação do patrimônio material e imaterial e gestão da memória social.  

(Diário do Nordeste) 

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