Ceará registra indícios de recuperação do emprego 14/11/2017

Dados são apresentados no estudo "Emprego, desemprego e subutilização da força de trabalho no Ceará: indícios de recuperação" 




A economia nacional começa a emitir os primeiros sinais de estabilização quando observados indicadores do segundo trimestre de 2017, indícios de que a economia brasileira está deixando a recessão para trás, após dois anos de forte retração da atividade econômica do País. Diante dessa nova conjuntura, o movimento de demissão de empregados no mercado de trabalho nacional vem perdendo força nos últimos meses, mostrando alguma reação do emprego formal - com a geração de emprego com carteira assinada entre abril e julho desse ano, sinalizando o início de um gradual processo de recuperação, apesar das elevadas taxas de desemprego e de subutilização da força de trabalho, realidade evidenciada também no Ceará.

A análise é realizada no estudo "Emprego, desemprego e subutilização da força de trabalho no Ceará: indícios de recuperação", elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e divulgado nessa semana. Para sua elaboração, o Instituto buscou fontes como IPECE, IBGE e Ministério do Trabalho, no período de 2012 a 2017.

Desemprego perde intensidade
O documento ressalta que, segundo os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) recentemente, o Produto Interno Bruto (PIB) cearense, do segundo trimestre de 2017, registrou alta de 2,2%, relativamente ao mesmo período de 2016, após oito trimestres seguidos de resultados negativos nessa base de comparação, indício de que a atividade econômica local pode estar começando a se recuperar, após os resultados negativos de 2015 (-3,5%) e 2016 (-5,3%).

Diante dessa conjuntura, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho, nos sete primeiros meses de 2017, evidenciam que o número de trabalhadores cearenses desligados (227,9 mil) ainda supera o de admitidos (214,3 mil), o que favoreceu a extinção de 13,7 mil empregos formais no estado, entre janeiro e julho de 2017. Por outro lado, este valor se equipara aproximadamente à metade do número de empregos eliminados no mesmo período de 2016 (-28,8 mil), até porque a média mensal de desligamentos (-13,6%) declinou com mais intensidade que a média mensal de admissões (-8,8%), demonstrando redução no ritmo de demissões. Tal fato foi observado na região metropolitana de Fortaleza (-10,2 mil empregos) e no Interior cearense (-3,4 mil empregos), que registraram saldos negativos bem menores, no referido período.

"Estes são indicativos da perda de intensidade da dinâmica contracionista do emprego formal no Ceará, conformando um cenário mais positivo para o mercado laboral cearense, que parece caminhar para um quadro de estabilidade, depois de um longo período de deterioração", observa o presidente do IDT, Gilvan Mendes.

Desde o final de 2014, a taxa de desemprego e o número total de desempregados duplicaram no Brasil e no Ceará, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral do IBGE. 13,2% da população economicamente ativa cearense estava desempregada (520 mil pessoas) no segundo trimestre de 2017. No último trimestre de 2014, eram 246 mil desempregados no estado, com uma taxa de apenas 6,6%, o que deixa transparecer a escalada do desemprego no estado, tal qual no mercado de trabalho nacional.

"Mais recentemente, a taxa de desemprego estadual mostra relativa estabilidade no trimestre encerrado em junho deste ano, indicando que o movimento de expansão, iniciado em 2015, parece ter chegado ao fim. De fato, a taxa de desemprego cearense declinou de 14,3% para 13,2% e o total de desempregados diminuiu de 561 para 520 mil, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2017, após vários trimestres de crescimento", acrescenta o analista do Mercado de Trabalho do IDT, Mardônio Costa.

Subutilização no mercado de trabalho é preocupante
Considerando a taxa combinada de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade, na semana de referência, como um indicador de subutilização da força de trabalho, o IBGE estima que 22,4% da população economicamente ativa do Ceará estava subutilizada no segundo trimestre de 2017, o que atinge 881 mil trabalhadores cearenses, dos quais, 400 mil  residentes na área metropolitana de Fortaleza.

"Além do desemprego, o grau de subutilização da força de trabalho estadual é preocupante, pois o nível de subutilização local supera a média nacional e tem alcançado recordes históricos, embora esteja caminhando para uma relativa estabilidade no corrente ano, pois o ritmo de crescimento da referida taxa vem perdendo força nos primeiros seis meses de 2017", complementa Costa.

Rendimento registra estabilidade

Outro indicador que ilustra a relativa estabilidade do mercado de trabalho cearense, na atualidade, é o rendimento do trabalho. O rendimento médio real habitual do trabalhador cearense foi estimado em R$ 1.330, no trimestre findo em junho de 2017, sem variações estatisticamente significativas relativamente ao trimestre anterior (R$ 1.330) e ao mesmo período do ano passado (R$ 1.327), segundo a mesma fonte. Daí se concluir que o rendimento real se apresenta relativamente estável no período recente, deixando para trás as perdas de poder de compra do rendimento do trabalho no Ceará. 
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