Ceará foi o segundo estado onde mais se matou mulheres em 2018


Cartazes foram espalhados na Praça da Sé, no Crato, ondea professora Silvany Inácio de Souza foi morta comtiros à queima-roupa. 

FOTO: Antonio Rodrigues

O Estado do Ceará amarga a vice-liderança nas estatísticas de mulheres assassinadas em 2018, com 447 homicídios dolosos contra elas, sendo 26 registros considerados feminicídios, casos em que os assassinatos contra mulheres ocorrem por questão de gênero. Os dados são do Portal G1.

O Estado só fica atrás de São Paulo, onde 461 mulheres foram assassinadas no ano passado, sendo 136 feminicídios. O Ceará apresentou aumento de 27% no número de ocorrências, comparado a 2017, quando foram registrados 352 homicídios de mulheres, dos quais 18 foram feminicídios.

“Acredita-se que pode ser uma reação à própria maior liberdade e autonomia das mulheres. Seria uma ‘contra-reação machista’, como a gente diria”, argumenta Beth Ferreira, assistente social, educadora feminista e integrante do Fórum Cearense de Mulheres e da Articulação Mulheres Brasileiras.

Um caso marcante de feminicídio para os caririenses foi o de Silvany Sousa, professora morta na frente do filho, na Praça da Sé, no Crato, em agosto de 2018. O ex-marido de Silvany só se rendeu com a chegada da Polícia Militar. Ao ser questionado sobre a motivação do crime, ele teria dito que não aceitava o fim do relacionamento, ocorrido cerca de três meses antes.

“Quando a gente vai analisar a forma como elas foram assassinadas, percebemos indícios de misoginia, ódio ao feminino”, considera Beth Ferreira. Contudo, ela destaca que muitos casos que o Governo cearense põe na conta da guerra do tráfico não se resumem a esses fatores, já que as mulheres não são assassinadas da mesma forma que os homens.

“Elas são, primeiro, torturadas; depois estupradas, raspam a cabeça delas para humilhar, cortam os seios. Isso tudo é filmado e depois enviado para o suposto inimigo da outra facção. A mulher se torna um objeto na guerra”, analisa a educadora. Foi assim no caso de Nara Aline, Darcyelle Ancelmo e Ingrid Teixeira, torturadas e decapitadas num mangue do bairro Vila Velha, no dia 2 de março de 2018, às vésperas do Dia Internacional da Mulher daquele ano.

O governador Camilo Santana anunciou, neste Dia Internacional da Mulher, em solenidade alusiva ao Dia da Mulher no Palácio da Abolição, a implantação da Casa da Mulher Cearense no interior do Estado. Segundo o governador, a região do Cariri deve ser a primeira a receber o equipamento. “A ideia é que a gente inicie pelo Cariri, região que tem tido um índice forte de violência contra a mulher. Nesses próximos quatro anos queremos implantar nas principais regiões do Ceará”, informou Camilo.

via Gazeta Cariri

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