Saída de médicos deixa 28 unidades sem atendimento, em Juazeiro do Norte


A implantação do ponto eletrônico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Juazeiro do Norte, somada aos baixos salários pagos aos profissionais, provocaram uma debandada de médicos. Em 28 dos 82 postos de saúde não há médicos, o que perfaz 34% do corpo de servidores contratados para a função. Em Crato, município que está prestes a implantar o sistema, a gestão pretende se antecipar a possíveis pedidos de demissões, depois de críticas apresentadas por profissionais à Secretária de Saúde.

A instituição do ponto eletrônico em Juazeiro faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta, acordado pela gestão anterior, após intervenção do Ministério Público Federal na área da Saúde.

“Contamos com 82 Equipes de Saúde da Família. Dessas equipes, nós tínhamos a falta de cinco, seis, até oito médicos. Agora em março, quando conseguimos implantar o ponto eletrônico, estamos com uma deficiência de 28 médicos em nossas UBS. É uma saída bem significativa e que tem nos preocupado bastante”, lamenta a secretária de Saúde, Francimones Albuquerque.

Reuniões entre a gestão municipal e o sindicato foram feitas para tratar do cumprimento da carga horária. Por outro lado, o Ministério Público do Ceará (MPCE) fiscaliza o cumprimento do acordo. Em uma das visitas de um promotor, uma unidade de saúde estava fechada pela ausência do profissional, após a efetivação do ponto eletrônico. “Coloquei falta, mas mesmo assim o MPCE entrou com uma ação”, diz a secretária.

Um paliativo encontrado pela gestão para sanar a ausência dos profissionais será fornecer atendimento noturno, de 18 às 22 horas, para população de oito mil juazeirenses que residem no Aeroporto.

“Nesse momento, com essa dificuldade pela saída dos médicos, contratamos três médicos para atender no hospital Estephânia, enquanto a gente consegue a contratações para os PSFs que estão sem médicos”, conclui.

O secretário de Saúde de Crato, André Barreto, diz já ter sido procurado por servidores contrários ao ponto eletrônico. O sistema está na última fase de testes para poder ser implantado. Desde 2017, o Município planeja a efetivação da medida.

“Já naquele momento, percebemos a dificuldade sobre o controle da frequência e da pontualidade de servidores. Isso é uma realidade que continua, apesar de todo esforço de orientar os gerentes das unidades, mas percebemos que ainda havia falha nesse controle.”

Salários abaixo da média

Os dois municípios ainda reconhecem que pagam salários abaixo da média estadual aos médicos. No caso de Juazeiro, a secretária Francimones Albuquerque contrapõe que recebe do Ministério da Saúde pouco mais de R$ 7 mil para o pagamento de toda a equipe que atua na Estratégia de Saúde da Família – médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes administrativos e outros profissionais. O valor, conta, é cotado para pagar apenas ao médico.

Por reconhecer que a saúde cratense paga menos aos médicos, uma readequação salarial é planejada em paralelo à implantação do controle de frequência e assiduidade. “Já não há nenhuma dúvida de que a gente precisa reajustar e o secretário de Finanças está ultimando os cálculos para ver o que é possível de nós pagarmos”, diz André Barreto.

(Jornal do Cariri)

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