Sistema de alerta não funcionou, diz coordenadora da Defesa Civil de Crato


Chuva pegou moradores e Defesa Civil de surpresa. Motoristas não tiveram tempo de retirar seus carros, que foram arrastados. Fotos: Marcos Carvalho

As chuvas registradas ontem (18), no sopé da Chapada do Araripe, em Crato, pegaram muitos moradores de surpresa. No centro, apenas os fortes ventos chamaram a atenção. A aproximadamente 300 metros de altitude da sede do Município, o posto pluviométrico do Lameiro registrava 120 milímetros, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) em pouco mais de 40 minutos. Porém, nenhum alerta foi emitido para a Defesa Civil.

Em 2011, uma forte chuva fez o canal do Rio Grangeiro transbordar, invadindo estabelecimentos comerciais, casas e arrastando carros. Ontem não foi diferente, mas em menor proporção. Na época, o sistema de monitoramento, ligado ao entro Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que é interligado ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), foi instalado.

Porém, ontem ele não funcionou. “Foi muito atípico. Aconteceu muito rápido. A gente não recebeu nada sistema de alarme. Nós temos um monitoramento 24 horas, que manda todas as situações para o estado. Em nenhum momento a Defesa Civil recebeu nenhum alerta”, lamenta a coordenadora da Defesa Civil de Crato, Josemeire Melo.

Até agora, a Defesa Civil de Crato não confirmou se houve falha no equipamento ou na transmissão do alerta. A equipe do Sistema Verdes Mares entrou em contato com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

A quadra invernosa na região do Cariri começa mais cedo, já no mês de janeiro, ao contrário das outras regiões do Estado, que chovem com mais intensidade a partir de fevereiro. Por isso, ano passado, já haviam sido feitos os trabalhos de prevenção e cadastro das famílias em situação de risco. “Hoje, nossa preocupação é tirar as famílias do entorno do canal e vamos pedir a derrubada de alguns imóveis”, completa Josemeire.

Três famílias que moram em barracos improvisados na Avenida José Alves de Figueiredo, vizinho ao Mercado Walter Peixoto, na beira do canal do Rio Grangeiro, serão removidas e deverão receber um aluguel social, pago pelo Município. Na noite de ontem, a água atingiu a altura de mais de um metro, com lama invadindo os imóveis.

A família do catador Francileudo Firmino de Farias, por exemplo, perdeu móveis, alimentos. Inclusive, animais de estimação morreram afogados. “Aqui foi de repente. Coisa de minuto. Aqui não choveu, só teve vento. Nós se agoniamos, só deu para tirarmos as crianças. Ninguém dormiu mais”, narra. Ele conta que paga um aluguel de R$ 350 pelo barraco de pouco mais de seis metros de comprimento.

Conteúdo do Diário do Nordeste

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