Papai noel de shopping em Fortaleza nasceu em fábrica de brinquedos e é filho de ‘mamãe noel’


Mesmo depois de 17 anos vivendo o papai noel durante o natal, Osvaldo Wagner, de 74 anos, não perdeu o encanto de escutar as crianças e ver o desejo de cada uma delas da forma mais pura. Desde a infância, quando via a mãe atuar como bom velhinho, tudo se encaminhou para que adotasse a fantasia como uma profissão. 

Há alguns anos, ele dá vida à festa natalina em um dos shoppings de Fortaleza. E o mais curioso é como ele se tornou o “ser mágico”. 

Osvaldo teve uma infância em meio a brinquedos, em São Paulo. “Eu nasci dentro de uma fábrica de brinquedos. Minha mãe e meu pai moravam dentro desse espaço e eu digo que acabei nascendo realmente lá mesmo. Vivia em meio a esse universo. E meus irmãos, que tinham quase a mesma faixa etária, também brincavam muito por lá porque era um espaço muito grande”, explica ele.

Todo fim de ano, ele acompanhava a transformação da mãe em papai noel. Isso fez surgir uma verdadeira afeição pela figura vestida de vermelho, que entra nas casas com uma mensagem de esperança e alegria. 

Vinda da Lituânia, a matriarca, segundo Osvaldo, não deixou a lenda do papai noel passar despercebida entre os filhos. Tradicionalmente, trajava roupas vermelhas e até barba. Brincava com a magia do natal. “Ela já tinha os cabelos mais brancos e a família dela, que era europeia, já tinha essa tradição dentro de casa. Tanto ela como meu pai – minha mãe veio da Lituânia e ele veio da Alemanha – já tinham o contato direto com esse conto”. 

O falecimento da mãe foi um dos motivos que o levaram a se conectar com a tradição natalina. “Eu tinha mais ou menos 32 anos quando me vesti de papai noel pela primeira vez. Inclusive, foi uma amiga minha que confeccionou a roupa pra mim, já que há alguns anos era bem complicado encontrar esse tipo de fantasia em qualquer lugar, e ela me deu de presente”, conta ao falar sobre o hábito repassado entre as gerações. 

Depois de 35 anos como vendedor na fábrica de brinquedos, a aposentadoria surgiu como fator adicional para assumir uma “carreira” como papai noel. Ele não mantinha barba cheia e cabelos brancos por conta do trabalho formal. Mas tudo mudou após a entrada no ramo.

“A decisão de trabalhar com isso veio quando fui a uma festinha de encerramento da minha filha na escola. Logo que entrei, todas as crianças começaram a pensar que eu era o papai noel”, lembra.

No dia, ele revela, percebeu a real vocação e, desde então, prepara-se fisicamente para sem noel todos os anos. 

Preparação 
Com tantos anos de vivência, Osvaldo conta ter todo um ritual de preparação para incorporar, de fato, o bom velhinho. Tudo começa, anualmente, logo após o natal. “Já é tradição: eu vou até o salão e tiro tudo. O papai noel tem que ‘sumir do mapa’ depois desse dia”, diz. 

Mas ele reconhece estar sempre conectado com as energias que recebe do público infantil. “É muito difícil me separar de vez do personagem. No dia a dia, as pessoas me cumprimentam e me reconhecem como papai noel. Já fui parado muitas vezes pelas pessoas na rua ou por pessoa que me conhecem”. 

Pai de seis filhos, ele diz que uma das dificuldades da atual profissão é não passar o natal na própria casa. “Muitas vezes, chega meia-noite ou 1h da manhã e ainda estou visitando as casas das famílias, fazendo entrega de presentes, etc”, conta.

Mas a certeza de ser inspiração e figura de amor para milhares de crianças faz Osvaldo seguir encantado na missão: “Isso faz parte da vida”, resume.             (G1 CE)

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