Motim de policiais em 2020 no Ceará tem 18% mais assassinatos do que paralisação de 2012


Durante o motim dos policiais militares no Ceará de 2020, houve 18,5% mais assassinatos no estado do que na paralisação de PMs de 2012. Foram 147 neste ano contra 124 oito anos atrás, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).

O motim entrou nesta terça-feira (25) no oitavo dia. Três batalhões da PM continuam fechados no estado. O movimento de 2012 durou durou sete dias, um a menos, e se deu entre 29 de dezembro de 2011 e 4 de janeiro de 2012.

Os 147 homicídios neste ano ocorreram em cinco dias, de meia-noite de quarta-feira (19) às 23h59 de domingo (23). Os 124, de 0h de 29 de dezembro de 2011 até as 23h59 de 4 de janeiro de 2012.

As duas manifestações foram consideradas ilegais pela Justiça do Ceará, são proibidas pela Constituição Federal e reforçada pelo Supremo Tribunal Federal, em entendimento de 2017. Ainda assim, policiais cruzaram os braços e deixaram de cumprir as atividades de segurança pública.

Para o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Ricardo Moura, o motim realizado neste ano é, pelo menos em parte, consequência de uma crise “mal resolvida” em 2012.

O então governador do Ceará, Cid Gomes, prometeu naquele ano anistia aos militares que atuavam na paralisação. A anistia foi cumprida, mas Cid fez a transferência de vários policiais para cidades distantes do interior do Ceará, o que foi considerado como punição por parte da categoria.

“Desde então as relações entre policiais e o Governo do Estado sempre foram tensas e agora [Camilo Santana, governador do Ceará] lida com uma categoria que quer conseguir as reivindicações na marra”, diz o pesquisador.

Mais reforço, mais homicídios Desde que o motim recebeu maior volume de adeptos, na quarta-feira (19), o governador Camilo Santana solicitou apoio de tropas federais. O estado conta atualmente com 2,5 mil soldados do Exército, 150 agentes da Força Nacional, 212 policiais rodoviários federais que foram deslocados de outros estados além de agentes da própria polícia militar cearense que não aderiram à paralisação.

Em 2012, com a falta de patrulhamento nas ruas, a crise chegou ao auge em 3 de janeiro, quando o comércio de todas as cidades parou, eventos foram cancelados e as ruas ficaram vazias. Naquela ocasião, o dia 1º de janeiro contabilizou 41 assassinatos, até hoje, considerado o dia com maior número de homicídios em toda a série histórica no estado.

Neste ano, na sexta (21) e sábado (22), foram 37 e 34 homicídios, respectivamente.

O único momento em que comerciantes baixaram os portões ocorreu na quarta-feira (19) em Sobral, quando homens encapuzados em carros da polícia ordenaram que as portas fossem fechadas. O comércio reabriu no mesmo dia, após intervenção da Polícia Civil e Guarda Municipal.
(Fonte: G1 CE)

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