Buraco próximo à parede da barragem em Jati será recuperado em até 5 dias


O trecho do talude da barragem Jati, destruído pelo estouro de um conduto de concreto na tarde de sexta-feira, 21, deverá ser recuperado no prazo de três a cinco dias. Talude é a superfície inclinada da parede, que foi afetada pela força da água que escapou no vazamento.

O buraco escavado em poucas horas de água despejada impressiona, mas O POVO apurou que a recomposição do diâmetro surgido deverá ser feita pela técnica de enrocamento. Serão despejadas grandes pedras, com os intervalos preenchidos por pedras menores, o que aumentará a resistência para o volume de água do reservatório. A medida estaria dentro das normas técnicas mundiais adotadas para este tipo de acidente.

A operação é considerada de emergência e está sendo feita pelas empreiteiras Serveng e Ferreira Guedes, que atuam na obra da transposição do rio São Francisco. Uma avaliação mais específica ainda deverá apontar o que de fato causou o vazamento. Ainda não seria possível apontar, segundo uma fonte, se foi falha na espessura do conduto ou erro no volume de água liberada. As hipóteses não estariam descartadas.

O vazamento não comprometeu os testes operacionais do Cinturão das Águas. O conduto que estourou fica do lado contrário da barragem, o que lança água para os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. “É , é do outro lado, não afeta em nada a distribuição de água para o Cinturão”, garantiu a mesma fonte ao O POVO.

O Cinturão está recebendo vazão aproximada de 4 mil litros por segundo (4 m³/s) durante os testes. A água liberada já teria enchido os dois primeiros sifões no caminho para chegar ao riacho Seco e, na sequência, descer pelo leito do rio Salgado e alcançar o rio Jaguaribe. A previsão é de que em quatro meses chegue ao açude Castanhão, para garantir o abastecimento da Capital e Região Metropolitana.

Governo estadual e federal em Jati
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Cel. Alexandre Lucas, estão na cidade cearense de Jati, onde se rompeu nessa sexta-feira, 21, uma das redes de tubulação da barragem que recebe água da transposição do Rio São Francisco. Especialistas em segurança de barragens e em gestão de riscos também compõem a equipe da Defesa Civil Nacional enviada ao local. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), foi ao município acompanhado do titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Francisco Teixeira, e do assessor especial de Comunicação, Chagas Vieira.

O acidente provocou a remoção de cerca de 2 mil moradores na madrugada deste sábado, 22. A evacuação foi confirmada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A pasta frisou que o vazamento já foi solucionado e que a evacuação ocorre de forma preventiva, “zelando pela preservação de vidas em primeiro lugar”, diz a nota do órgão.

Principal motivo da evacuação é a dificuldade de avaliação técnica do local do rompimento de um dos condutos da barragem, bem como da represa em si. Um fator que estaria agravando a dificuldade de um parecer técnico no local seria a falta de iluminação adequada, conforme pontuou o MDR.

Segundo a pasta, os moradores estão sendo comunicados da necessidade de se retirarem do local por meio de carros de som que percorrem as vias da cidade. Profissionais da Defesa Civil e trabalhadores da empresa que gerencia a barragem foram convocados para ajudar na divulgação do alerta, visitando residência por residência.

As famílias receberam auxílio para se deslocarem em direção a hotéis, pousadas e alojamentos na região ou para irem até a casa de parentes e amigos que morem mais afastados da barragem, segundo informou o MDR. A situação deve se manter “até que sejam feitas todas as avaliações técnicas das estruturas do reservatório”, pontuou o ministério.

A evacuação ocorre horas após o próprio Ministério do Desenvolvimento Regional anunciar que engenheiros da obra e técnicos da Defesa Civil de Jati terem pontuado que o vazamento não teria gerado qualquer risco de rompimento da barragem. A ruptura ocorreu um dia após a comporta do reservatório Jati, no Interior do Ceará, ser acionada para liberar as águas do São Francisco para o abastecimento do Estado.

Ainda na sexta-feira, 21, por volta das 22 horas, o Corpo de Bombeiros confirmou ao O POVO que nenhum dano ou alagamento foi causado em residências da região, mas o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Francisco Teixeira, havia pontuado preocupação de que o fluxo de água liberado pelo vazamento causasse um processo de erosão em alguma parte no entorno da infraestrutura da barragem.

O estouro da tubulação ocorreu após falha em uma das tomadas d’água que controlam as comportas de vazão do reservatório. Com o vazamento, o sistema elétrico da barragem ficou comprometido e foi necessário a instalação de um gerador para garantir que a comporta fosse fechada, interrompendo o vazamento. Técnicos de manutenção e engenheiros da obras estão no local desde o início do vazamento na tarde de sexta-feira, 21.

Foto: WhatsApp O POVO

Fonte: O Povo Online

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