Estudantes de escola pública do Ceará selecionadas para intercâmbio nos EUA


As estudantes Aisha Ellen Lemos Paz e Brenda Juara Carvalho Brandão, respectivamente das Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) Paulo VI, em Fortaleza, e Manuel Abdias Evangelista, em Nova Russas, ambas da rede pública estadual de ensino, foram selecionadas para participar do Programa Jovens Embaixadores 2020.

A iniciativa seleciona alunos de escolas públicas para passarem três semanas nos Estados Unidos, participando de oficinas sobre liderança, projetos de empreendedorismo social e reuniões com representantes do governo americano. O Programa, criado em 2002, é uma ação oficial do Departamento de Estado dos EUA, coordenada no Brasil pela Embaixada daquele país.

A viagem dos Jovens Embaixadores será de 10 a 29 de janeiro de 2020. Durante a expedição, os estudantes passarão pela capital americana, Washington, e viajarão para quatro cidades, onde serão hospedados por famílias voluntárias. São previstas, ainda, visitas a escolas e apresentações sobre o Brasil.

Para concorrer a uma vaga, era necessário saber falar inglês, ter desempenho escolar de excelência e perfil de liderança, além de participar de projetos de empreendedorismo social ou ter tido uma ideia que gerasse impacto coletivo.

Novas perspectivasAisha Ellen, que cursa a 2ª série do ensino médio técnico em Enfermagem na EEEP Paulo VI, faz parte do “Movimento Hip Hop Nós por Nós”. O projeto oferece à comunidade do bairro Passaré e adjacências cursos de qualificação para o mercado de trabalho e atividades culturais, possibilitando novas perspectivas de vida à população, colaborando para a redução do abandono escolar e da violência, envolvendo tanto jovens como adultos.

A ação tem como ponto de apoio a Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Integrada 2 de Maio, também pertencente à rede pública estadual de ensino, que funciona naquele bairro.“A gente tinha que ressignificar a questão do pertencimento à favela.

Existe um futuro melhor do que se entregar para o crime. Procuramos alimentar nas pessoas a esperança de crescer pelo estudo, descobrindo os talentos de cada um. Temos cursos de informática básica e de línguas, oficinas de redação, de literatura, de cultura afro e de rap, cine debate, entre outras atividades”, esclarece.

Aisha explica que integra o movimento há 3 anos e, assim que começou, passou a ser monitora de poesia. Atualmente, também dá palestras sobre saúde e autocuidado, tendo como base o que aprende na EEEP, prestando ainda serviços de aferição de pressão e glicemia.

“À medida que a gente vai avançando, vai se tornando professor. Nós nos formamos para produzir nossos tribunos”, ressalta.ResultadosConforme Aisha, já é possível perceber aumento de empregabilidade e de ingressos no ensino superior entre os moradores da comunidade, além de diminuição de casos de gravidez na adolescência.

“Temos pessoas muito competentes. A gente está vendo as coisas acontecendo. Aos poucos, estamos mudando o mundo, começando pela nossa comunidade. Cada um pode pode fazer isso na sua própria ‘quebrada’. É a nossa casa e temos que ter orgulho dela”, argumenta.Sobre a participação nos Jovens Embaixadores, Aisha diz já se sentir gratificada pelas experiências vividas nas etapas anteriores, em que teve oportunidade de conhecer outros estudantes cearenses com histórias de vida semelhantes.

“Torcemos uns para os outros, criamos companheirismo. Apesar da competitividade, de nível nacional, concorrendo com 7 mil candidatos, foi muito gratificante ver o apoio mútuo que tivemos. Isso foi um grande incentivo para continuar. Quando recebi a notícia, pensei primeiramente neles. A vitória não era só minha. Era também deles, assim como da minha escola, dos meus amigos e professores, e do movimento que eu faço parte”, conclui.

via Ceará Agora

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