Com pandemia de Covid-19, intoxicação por produtos de limpeza cresce no Brasil


Entre janeiro e abril de 2020, período em que o novo coronavírus atingiu todas as partes do mundo, os Ciats (Centros de Informação e Assistência Toxicológica) da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) registraram 1.940 casos de crianças de até 14 anos intoxicadas por produtos de limpeza, um aumento de 6% em relação ao ano anterior.

Entre os adultos, foram reportados 1.540 casos —um aumento de 23% em comparação ao mesmo período em 2019.

A Anvisa entende que o aumento dos casos de intoxicação tenha relação direta com a pandemia e ao uso excessivo ou indevido do álcool em gel, usado para assepsia da casa e das mãos.

Como uma das medidas emergenciais para conter a Covid-19, a Anvisa autorizou por 180 dias o comércio do álcool líquido 70% no país. Desde 2002, é proibida a comercialização do álcool líquido com gradação maior que 54 graus para evitar acidentes como queimaduras. A limitação não se aplica ao gel, que a agência entende que causa menos danos aos tecidos do corpo por se espalhar menos.

De acordo com o gerente de produtos de higiene, perfumes, cosméticos e saneantes da Anvisa, Itamar de Falco, o álcool 70% deve ser utilizado para desinfetar as mãos na impossibilidade de lavar com água e sabão, que é o mais indicado para assepsia de possível contato com o vírus e outros males. O produto é mais apropriado e seguro como desinfetante dentro de casa na aplicação em superfícies, como mesas, cadeiras e bancadas.

Cuidados com crianças

Segundo a orientação da Anvisa, o álcool, em todas as formas (gel ou líquido), deve ser mantido longe do alcance das crianças, principalmente as que têm entre um e cinco anos. Mesmo os produtos vendidos em embalagens menores — alguns com formatos de bichinhos, que atraem o público infantil — devem ser foco de atenção, porque, mesmo em pouca quantidade, a criança poderá fazer mau uso.

De Falco reforça que o produto só deverá ser disponibilizado para crianças com a supervisão de um adulto. “As crianças são as vítimas mais comuns e, geralmente, a exposição tóxica não é intencional. Para evitar acidente, é necessário que os responsáveis tenham maior atenção porque a melhor medida em relação a intoxicação de crianças é a prevenção”, afirma o gerente.

Veja dicas para manter a segurança no lar:

• O álcool sempre deverá estar armazenado no mesmo recipiente em que foi comprado para evitar confusão com outros produtos e para que se tenha a atenção ao prazo de validade;

• O álcool, tanto em forma líquida como em gel, é um produto inflamável — especialmente o com a concentração 70% — que pode ocasionar acidentes e queimaduras. Todas as vezes em que aplicar o produto na pele, deve-se manter distância de fontes de fogo, como fogão, isqueiros e fósforos;

• Além do fogo causado pela chama, a exposição do álcool ao calor, assim como a exposição ao sol, também deve ser evitada;

• Sempre armazenar o produto longe do alcance das crianças.

Água e sabão

As autoridades recomendam que se dê preferência à higiene das mãos com água e sabão.

Gustavo Pasquarelli, diretor técnico do hospital Emílio Ribas no Guarujá (SP), explica que outros produtos usados para limpeza do domicilio também podem ser intoxicantes em potencial, como o cloro, e recomenda a tradicional forma de higienizar as mãos.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo, capitão André Elias, reforça a recomendação de Pasquarelli e alerta sobre a importância de manter o álcool em local seguro, longe do alcance de crianças, e manusear o produto distante de fogões e churrasqueiras.

“Pedimos cuidados no uso e manuseio do álcool 70%, tanto líquido quanto em gel. O produto é volátil (que evapora) e libera com facilidade valores inflamáveis em temperatura ambiente”, alerta.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil (18.mai.2020)

Fonte: CNN Brasil

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