Entidade alerta para quadro inflamatório associado à covid-19 em crianças


A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), em parceria com o Ministério da Saúde, a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia), divulgaram hoje (20) um documento alertando para uma síndrome inflamatória em crianças e adolescentes associada à covid-19.

Chamada de síndrome inflamatória multissistêmica, a doença foi identificada inicialmente no Reino Unido, mas já possui relatos de casos na Espanha, na França e nos Estados Unidos. Assim como acontece com os pacientes graves acometidos pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), o quadro parece ser uma resposta exacerbada do organismo, que reage à infecção provocada pelo vírus com uma grave inflamação generalizada

O documento afirma que os pacientes nessas condições possuem “manifestações clínicas e alterações dos exames complementares similares às observadas em crianças e adolescentes com síndrome de Kawasaki, Kawasaki incompleto e/ou síndrome do choque tóxico.”

Os principais sintomas descritos pelos médicos são febre alta e persistente (entre 38°C e 40°C), erupções na pele, conjuntivite não purulenta, edema de mãos e pés, dor abdominal, vômitos e diarreia.

Os médicos notaram também que, em exames laboratoriais, houve um aumento nos valores de proteína C-reativa (PCR), ferritina e troponina —esta última indicando que a reação inflamatória pode causar também agressão ao músculo do coração. Os relatos também incluíram quadros de choque, com hipotensão e taquicardia.

Pacientes precisam de internação
De acordo com Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP e infectologista pediátrico do Sabará Hospital Infantil, embora o número de casos descritos até agora seja pequeno, é importante permanecer alerta.

“É um quadro considerado grave e que necessita de internação hospitalar e de cuidados especializados”, diz o especialista. Ele lembra ainda que os casos detectados no Brasil devem ser reportados para as autoridades para que seja possível ter um controle da quantidade de pacientes sofrendo com o problema.

O documento elaborado pela SBP reforça ainda que o diagnóstico deve excluir outras doenças infecciosas, como sepse bacteriana ou síndrome do choque tóxico causada por bactérias.

Por ser uma reação aparentemente tardia à infecção ao novo coronavírus, a presença do vírus também nem sempre é detectada —o mais comum é encontrar anticorpos no organismo.

O que é a Síndrome de Kawasaki?
Também chamada de doença de Kawasaki, é uma vasculite (inflamação dos vasos) de causa desconhecida que provoca um quadro inflamatório no corpo.

Os principais sintomas são febre persistente e que não cessa mesmo com o uso de antitérmicos, irritabilidade, conjuntivite, lábios ressecados e rachados e ainda lesões na pele —o chamado “rash cutâneo”, uma espécie de irritação que forma placas avermelhadas por todo o corpo. Outros sintomas que também podem surgir são dores abdominais e nas articulações, vômito, diarreia, alterações no fígado e neurológicas.

Felizmente, a maioria das crianças costuma se recuperar bem da doença. A principal forma de tratamento é utilizando imunoglobulina humana, obtida por meio do plasma, que funciona como um imunorregulador. Em alguns casos, é possível também a indicação de uso de ácido acetilsalicílico.

Imagem: iStock

Fonte: UOL

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