Anvisa autoriza importação de matéria-prima pelo Butantan para a CoronaVac


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou hoje que autorizou a importação de matéria-prima para o início da produção local da CoronaVac, a vacina contra a covid-19 desenvolvida e testada pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

O pedido havia sido feito em 23 de setembro pelo Butantan, que tem a previsão de usar os insumos vindos da China para produzir neste ano 40 milhões de doses do imunizante em sua fábrica em São Paulo.

A instituição acredita ser possível que as doses estejam à disposição até dezembro. Além disso, há também um pedido de compra de 6 milhões de doses a serem produzidas pela Sinovac, que deve chegar a São Paulo na próxima semana.

Em nota, a Anvisa confirmou que concedeu a liberação dos insumos em “caráter excepcional”. A decisão foi tomada no Circuito Deliberativo da agência, que permite a votação virtual dos diretores sobre temas de grande relevância. O grupo se reuniu ontem e hoje.
A Anvisa também fez questão de esclarecer que a CoronaVac ainda não tem registro no Brasil para que seja iniciada uma campanha de vacinação.

“Os estudos ainda estão em andamento e não existe previsão de data para a vacinação”, afirma a Anvisa.
A CoronaVac está na última fase de testes (chamada de fase 3) e o relatório final depende que seja atingido o número de 61 voluntários que infectados pelo vírus. Estas pessoas são avaliadas para saber se eles tomaram a vacina ou placebo, permitindo que seja medida a eficácia da vacina.
O controle é feito por um órgão internacional e somente esta entidade tem conhecimento se a dose aplicada é de placebo ou imunizante. Se o imunizante atingir os índices necessários de eficácia e segurança, será submetido a uma avaliação da Anvisa para registro e só então a vacina estaria liberada para aplicação na população.

Cobranças públicas

Na última semana, o Instituto Butatan fez cobranças públicas pela liberação da importação. A Anvisa havia respondido dizendo que havia “discrepâncias” no pedido de importação.
Dimas Covas, diretor geral da instituição, cobrou a Anvisa hoje, mais cedo, afirmando que a demora na liberação estava atrasando o cronograma de produção da CoronaVac.

Confiança no Butantan

O diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, comentou sobre a autorização e demonstrou confiança de que o Butantan possa atender aos requisitos feitos pela agência para a importação, assim como disse acreditar na competência da instituição paulista para lidar com um material que requer segurança redobrada.
“Vacinas já prontas foram autorizadas e agora estamos autorizando a vinda para o Brasil de matéria-prima, que é claro, terá todo o atestado de segurança do manuseio deste material assumido pelo próprio Instituto Butantan, que tem condições para isso para que possa ter início os ajustes da fase de produção”, disse Barra Torres em entrevista à CNN Brasil.
“Claro que temos que lembrar que estamos lidando com o material, no caso o vírus inativado, mas é um material biológico que precisa ter um controle muito bem feito e rigoroso. E com certeza não terá maiores dificuldades para que o Instituto [Butantan] proceda dessa maneira”, completou o diretor da Anvisa.
Barra Torres explicou que as exigências feitas pela agência, “em linhas gerais, são detalhes que falam da segurança, do transporte, do acondicionamento desse material, do seu manuseio, das condições que tem de haver para que ele fique em perfeitas condições.”

Impasse sobre distribuição

Enquanto a produção local da CoronaVac deu mais um passo à frente, a distribuição do imunizante contra a covid-19 ainda permanece sob incertezas. Na última semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a anunciar um compromisso de compra das primeiras 46 milhões de doses da vacina, mas foi desautorizando no dia seguinte pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que mandou cancelar a compra.

Hoje, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) afirmou que caso o governo federal não decida pela inclusão da CoronaVac no PNI (Programa Nacional de Imunizações), o que significaria sua distribuição pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o governo paulista pagará ele próprio pelas 46 milhões de doses e deve fazer uma campanha de vacinação estadual, assim como fornecer o imunizante também para outros estados.

Foto: Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Fonte: UOL

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