Número de transplantes no Ceará volta a subir depois de período crítico da pandemia


O número de transplantes de órgãos e tecidos realizados no Ceará voltou a crescer após o período crítico da pandemia de Covid-19. Em baixa entre os meses de março a agosto, quando o maior registro foi de 74 procedimentos em um mês, em setembro deste ano o aumento dos números foi evidente, com 171 transplantes realizados, e superou o registro do mesmo mês em 2019, que marcou 99.

O último mês de outubro se manteve estável e registrou 149 cirurgias realizadas. Ainda sob comparação, 217 transplantes foram feitos no total entre março e agosto deste ano, enquanto em 2019, em igual período, 809 transplantes foram realizados. Os dados foram obtidos por meio da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

Neste ano, o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), José Huygens Garcia, relata que houve uma queda de cerca de 70% de doações e transplantes entre março e julho na região Nordeste. “Foi a região que mais sofreu. O pico da pandemia nessa região foi muito precoce, isso contribuiu para esse impacto. Outra coisa que influenciou foi a suspensão dos transplantes renais, o mais realizado”.

De acordo com a Sesa, a pandemia foi a responsável pela baixa nos índices. Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Eliana Barbosa, os dois primeiros meses do ano teve uma média de 135 transplantes mensais.

“São taxas muito boas. Depois, veio a crise e baixou o número de procedimentos. E então desde julho a gente observa um retorno gradativo de doações e transplantes, o que ficou evidenciado nos últimos dois meses passados”, afirma.

Conforme a coordenadora, o retorno dos números de transplantes está atrelado à campanha de doações intensificada setembro. “Tivemos muitas lives, palestras e divulgação pelos meios. Sempre após uma intensificação há esse tipo de retorno”.

Mesmo com melhores condições epidemiológicas do que as observadas no primeiro semestre deste ano, a coordenadora reforça ainda que “tudo está sendo feito com toda uma vigilância e segurança, também não temos nenhum relato de transplantado que pegou Covid-19 oriunda do doador”.

Com o retorno dos bons índices de transplantes, a tendência é que os números aumentem ainda mais durante os próximos meses, afirma a coordenadora Eliana.

Segurança

A coordenadora relata que não houve uma suspensão por completo das cirurgias de transplante, como as de urgência, e medidas de precaução contra a Covid-19 foram tomadas. “Antes mesmo do Ministério da Saúde recomendar a aplicação de testes do tipo RT-PCR em doadores, as equipes do Ceará já estavam tendo esse cuidado”. Segundo a titular, os transplantes de fígado, córnea e medula estão entre os procedimentos realizados durante a crise no Estado.

“Nós, equipe transplantadora, pesamos os riscos e os benefícios. No transplante renal, por exemplo, existe a hemodiálise que pode ser uma medida paliativa até o momento do transplante. Então nós suspendemos esse tipo. Já os casos de urgência com transplante de córnea, por exemplo, nós temos que fazer o procedimento porque o paciente corre o risco de perder o olho por completo, além dos pacientes com risco de morte, claro”, esclarece.

Testes de Covid-19 também estão sendo aplicados em pacientes receptores no Ceará, “mesmo que não haja essa obrigatoriedade”.

Fila de espera

O Ceará ainda tem 940 pacientes em fila de espera para transplantes, conforme os dados da Sesa. As filas com maiores demandas são para transplantes de córneas e rins. “Nós temos uma captação muito boa para a córnea, a fila é zero, o que significa que nos últimos três meses o número de transplantes ultrapassa o número de pacientes em fila”, pontua Eliana Barbosa.

A fila de órgãos é organizado por critérios de compatibilidade. “O paciente pode entrar hoje na fila para receber um transplante de rim, com cerca de 700 pessoas, e amanhã já ser contemplado, pois a distribuição é feita pela compatibilidade de código genético do doador e receptor. Quanto mais parecido é o código genético, menor é o risco de rejeição”, explica a coordenadora da Central de Transplantes.

Foto: Arquivo G1

Fonte: Portal G1 CE

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