Em defesa ‘da vida, ciência e SUS’, médicos cearenses lançam nota em manifesto a atuação do governo na pandemia


Na última segunda-feira (15), um grupo de médicos cearenses emitiu uma nota afirmando apoio as medidas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A carta aberta, com quase 300 assinaturas, gerou repercussão nas redes sociais, tendo inclusive a publicação em página do Facebook removida horas depois. Nesta terça (16), outro grupo de profissionais da medicina encaminhou nova carta, desta vez em apoio a “ciência, vida e SUS”, e também em oposição a conduta do Governo Federal em relação a pandemia de Covid-19 e a gestão do atual presidente da República.

Em manifesto publicado oficialmente na página da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, há mais de 300 assinaturas, onde estes afirmam repudiar as atuais medidas de “boicote” no combate a pandemia do novo coronavírus, bem como uma série de reivindicações feitas pelos médicos do Estado, tais como a exigência para que o Governo Federal apoie governadores e prefeitos na ampliação assistencial à Saúde do país.

Manifesto na íntegra

O Brasil se tornou o epicentro da pandemia de Covid-19, com a morte de mais de 278 mil pessoas. Mais de 2 mil óbitos por dia! Sentimento de luto também por colegas que estavam na linha de frente, expondo suas vidas para salvar vidas, num compromisso de humanidade.

Sem uma grande mudança no plano nacional, essa situação, já inaceitável, seguirá infelizmente piorando. O Governo Federal boicota, desde o início, as medidas de combate à pandemia. Poderíamos até dizer que por incompetência, mas não: é justamente esse o projeto.

Nossos corpos, os corpos dos colegas médicos e de tantos outros profissionais de saúde, estão na linha de frente, com exaustão e dor. Nunca tivemos tantos colegas adoecendo e falecendo.

Enquanto isso, são inúmeras as declarações do presidente Bolsonaro em desrespeito aos profissionais de saúde, às vítimas da Covid-19 e aos seus familiares. De “não sou coveiro” à ordem para “invadir e filmar hospitais”. De “deixem de mimimi” até a lamentação pela aprovação da vacina.

Em vez de vacinação, falam de ivermectina e cloroquina. Em vez de incentivar a prevenção e de salvar vidas, fazem chantagem com a falsa dicotomia “vida ou trabalho”, promovem carreatas ilegais e “fake news”. Falta respeito à saúde pública e a cada cidadão.

Como médicas e médicos, reivindicamos e reafirmamos:

1. Precisamos urgentemente de uma saída humanitária para essa grave crise! É fundamental garantir que a maior parte da população seja vacinada de forma rápida para impedir nova onda de casos. É necessário o isolamento social, para diminuir as mortes enquanto a vacina não chega a mais gente. É vital o auxílio emergencial em valor condizente com a dignidade.

2. Não podemos nos calar diante do projeto que prioriza a morte. Repúdio é o nosso sentimento pelo governo Bolsonaro.

3. Diante das pesquisas científicas e por princípio ético, nos recusamos a utilizar tratamentos e medicamentos sem comprovação científica de eficácia. Repudiando a insistência nesse caminho, defendemos as condutas corretas, que salvam vidas, com base na ciência;

4. Apoiamos a iniciativa dos governadores e prefeitos em ampliar a rede de assistência à saúde, em tomar as medidas de proteção coletiva e, inclusive, em adquirir vacinas eles mesmos, diante da absoluta lentidão do Governo Federal em tomar essas medidas;

5. Exigimos a responsabilização de Bolsonaro e de seu governo, que não tiveram seriedade contra a pandemia, permitindo que o País chegasse à atual situação, motivo de vergonha, lamento, preocupação, para nós e para o mundo.

Basta! Chega de desrespeito à vida! Chega de projeto de morte! Nós, abaixo assinados, médicas e médicos do Ceará, reivindicamos a defesa da vida, da ciência, do SUS.

📸 Reprodução

Fonte: Portal Badalo

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