Número de mortes por Covid-19 é maior que a população de 37 municípios, no Ceará


A quantidade de mortes por Covid-19 no Ceará ultrapassou a população estimada de, pelo menos, 37 municípios do estado. Até essa segunda-feira (22), foram 12.870 óbitos registrados no Ceará, de acordo com o IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).No estado, há cerca de 37 municípios com quantidade de moradores menor que o número de óbitos por Covid-19, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confira quais são:

Granjeiro – 4.814 habitantes Guaramiranga – 5.132 Baixio – 6.303 Potiretama – 6.437 Pacujá – 6.549 Ererê – 7.225 Antonina do Norte – 7.378 São João do Jaguaribe – 7.601 Altaneira – 7.650 Senador Sá – 7.691 General Sampaio – 7.694 Umari – 7.736 Arneiroz – 7.844 Itaiçaba – 7.866 Jati – 8.130 Tarrafas – 8.573 Moraújo – 8.779 Penaforte – 9.143 Palhano – 9.422 Deputado Irapuan Pinheiro – 9.662 Catunda – 10.376 Mulungu – 10.941 Ararendá – 10.959 Pires Ferreira – 11.001 Potengi – 11.106 Groaíras – 11.144 Martinópole – 11.321 Jaguaribara – 11.492 Ipaporanga – 11.596 Alcântaras – 11.781 Aratuba – 11.802 Abaiara – 11.853 Paramoti – 12.252 Pacoti – 12.288 Poranga – 12.347 Ipaumirim – 12.485 Ibicuitinga – 12.629 Cada vez mais a Covid está chegando perto da gente’

A quantidade de mortes pela doença no Ceará representa cenários onde, por exemplo, toda a população de cidades como Guaramiranga ou Pacoti, pontos turísticos do estado, sumisse por completo. Contudo, as mortes espalhadas durante um ano e em 184 municípios, somadas a outros fatores sociais, parecem não transmitir a calamidade nos níveis adequados.

“Nós sabemos que, principalmente no Brasil, quando a morte vem de uma pessoa de nível socioeconômico mais baixo, de cor preta, a sociedade tende a diminuir o efeito disso; e outra coisa é quando você não vê, não conhece alguém perto que teve a doença. Quando você conhece, isso se aproxima mais de você”, comenta a infectologista Lígia Kerr.

Pessoas pardas e pretas somam 5.480 óbitos (sendo 5.349 de pardos). Contudo, há 4.318 mortes contabilizadas onde a cor/raça não foi informada, de acordo com o IntegraSUS. Porém, Lígia cita outro cenário que tem se solidificado em 2021.

“Uma coisa que temos comentado é que cada vez mais a covid está chegando perto da gente. Se antigamente a gente via na televisão, mesmo que fosse um artista conhecido, era mais longe da gente. Hoje você vê o vizinho, a tia, o primo, familiares de amigos. Então, isso nos aproxima da tragédia”, complementa a especialista.

Ela também cita que a polarização política acerca da gravidade da doença também impacta no modo como a pandemia é encarada. “Nós temos uma sociedade dividida politicamente, e essas coisas têm pegado muito pesado. Elas podem fazer com que as pessoas banalizem a morte”, analisa Lígia.

Para a especialista, o comportamento de algumas pessoas com relação ao coronavírus pode ser, inclusive, comparado com epidemia de HIV/Aids. “Há muitos anos, quando a Aids começou, o indivíduo que conhecia alguém que havia morrido com Aids, tendia a ter um comportamento mais seguro, se protegia mais”, relembra Lígia. Para ela, o caso se repete no atual momento.

Avanço da Covid-19 no Ceará

O mês de março de 2021 voltou a registrar picos nos casos de óbitos desde o início da pandemia, inclusive contabilizando os maiores números neste ano. No último dia sete, o Ceará registrou 82 óbitos causados pela doença, sendo o maior número desde 9 de junho de 2020, quando foram contabilizadas 89 mortes causadas por coronavírus.

As taxas de ocupação dos leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Ceará também têm registrado crescimentos, principalmente em março. No dia 14, a ocupação dos leitos de UTI atingiu 93,72% — maior número disponível no IntegraSUS desde 29 de abril de 2020; já entre as enfermarias, a taxa de ocupação, no dia 20, foi de 81,8, maior registro da plataforma.

Devido ao avanço dos números de casos confirmados do vírus, e dos óbitos, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), decretou isolamento social rígido e fechamento de atividades não essenciais no estado até, pelo menos, o próximo dia 28.

📸 Jarbas Oliveira/AFP

Fonte: Portal G1 CE

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