Brasil ainda precisa vacinar mais de 47% das crianças contra a Covid-19


Enquanto cresce o número de crianças com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o Brasil tem 52,3% das crianças entre 5 e 11 anos vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19, segundo um levantamento da CNN com base em dados divulgados pelos estados. Em relação à segunda dose, o índice cai para pouco mais de 10%.

Os estados com a aplicação da 1ª dose mais adiantada são São Paulo (81,7%), Piauí (78,8%), Ceará (66%), Minas Gerais (63,5%) e Rio Grande do Norte (56,3%). Na outra ponta, com a menor cobertura vacinal, estão Amapá (16%), Roraima (16,1%), Acre (24,6%), Tocantins (24,8%) e Amazonas (25,3%).

O boletim Infogripe, divulgado nesta na sexta-feira (25) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que o país registrou um aumento de 216% na média móvel de casos entre as crianças de 5 a 11 anos. Isso representa uma mudança de cerca de 160 casos semanais para 506.

Já em relação ao público entre 0 e 4 anos, a alta foi de 77%. De acordo com o levantamento, o número de casos semanais passou de aproximadamente 970 para cerca de 1.870. Esse crescimento se deu entre a primeira semana de fevereiro e a semana epidemiológica de 13 a 19 de março. Segundo a fundação, os dados levam em conta todos os vírus associados à Síndromes Respiratórias Agudas Graves.

Ainda de acordo com a Fiocruz, nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência é de 73,8% de Covid-19, 15,8% de vírus sincicial, 1,3% de influenza A e 0,3% de influenza B.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta que ainda há uma grande disparidade entre os estados em relação à vacinação contra a Covid-19. “O aumento expressivo nas internações por problemas respiratórios nas crianças ocorreu especialmente no público de 0 a 4 anos, um grupo que ainda não pode se vacinar, e de 5 a 11 anos, que ainda estão no período de vacinação. Sobre os casos da Covid-19, vemos ainda que há uma variação muito grande de um estado para o outro, tanto na primeira quanto na segunda dose. Isso tem um impacto nas crianças, que também precisam se vacinar para que não tenham um novo aumento nos casos, como vemos na Europa”, defendeu.

Gomes também observa que o aumento de casos de SRAG ocorreu durante o retorno do ano letivo. Para o pesquisador, cabe aos responsáveis medidas para proteger os filhos, como evitar aglomerações e ações não farmacológicas, como álcool em gel e o uso de máscaras.

“Com esse aumento, entra o papel dos adultos. Nesses ambientes de ensino, transporte público e aglomeração. Os adultos acabam, de certa forma, facilitando a exposição das crianças a diversos vírus respiratórios. As máscaras têm impacto grande em todos eles, não só a Covid-19. É uma ação extremamente simples, barata e de baixíssimo impacto no nosso dia a dia que acaba aumentando a proteção”, ressalta.

Segundo o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, mais doenças respiratórias são esperadas nesta época do ano.
“No outono, há uma presença maior do frio e do clima seco, uma das características próprias dos vírus que causam problemas respiratórios. Março, abril e maio são meses que atendem mais crianças com pneumonia. Esse ano, temos mais um vírus contribuindo com a sobrecarga nessa época do ano, que é a Covid-19, o que faz com que aumente mais ainda o número de casos”, diz o pediatra.

Vacinas são seguras e eficazes

Os especialistas ouvidos pela CNN avaliam que a vacinação infantil ainda enfrenta a desinformação. Segundo o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, é necessário que haja uma campanha de conscientização para os pais e filhos. Para ele, quanto mais crianças vacinadas, menor será o número de internações.
“Nós observamos que ainda há muita desinformação, receio e desconfiança por parte dos adultos e isso impacta, de forma negativa, no número de crianças vacinadas”, analisa.

O coordenador do InfoGripe da Fiocruz, Marcelo Gomes, ainda esclarece que as vacinas são resultado de um processo cuidadoso de pesquisa e testes. “É importante que os familiares entendam que as vacinas são seguras. Nós temos os dados de estudo e dados concretos da população que deixa claro o quanto é diferente o risco de internação por Covid-19 entre quem já está com as duas doses e quem não se vacinou. Infelizmente, todo o início do processo da vacinação infantil acabou sendo discutido por uma série de formadores de opiniões, pessoas com voz ativa na nossa população. A maioria não sabia e não sabe as informações a respeito da segurança e da eficácia”, colocou.
*sob supervisão de Pauline Almeida

Foto: Cristine Rochol/PMPA / Fonte: CNN Brasil

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