Bolsonaro se queixa de ser responsabilizado por sumiço de Dom e Bruno no AM


Durante cerimônia para assinatura de atos do governo federal no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quarta-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro (PL) se queixou de ser responsabilizado pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira no Vale do Javari, no Amazonas.

“Não é fácil ser chefe do Executivo, mas a gente dá o melhor de si. Como por exemplo, os dois que desapareceram. A gente lamenta o desaparecimento, um inglês e um brasileiro. Eles sabiam dos perigos da região”, afirmou Bolsonaro.

Ele tem sido cobrado nacional e internacionalmente pela falta de esforço nas buscas pela dupla, que sumiu na região Amazônica há 10 dias, desde o domingo (5).

 

“Pelo que tudo indica, nas próximas horas, esse desaparecimento será desvendado. E desde o primeiro dia, domingo retrasado, a nossa Marinha estava em campo. Estão me culpando agora por isso”, declarou o presidente.

A Polícia Federal informou, por meio de nota, que devem ser concluídos, nesta quarta-feira, os trabalhos de perícia realizados em materiais biológicos encontrados nas buscas a Dom e a Bruno.

Mais cedo, nesta quarta-feira, após o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, fazer a primeira manifestação pública sobre o caso e demonstrar preocupação com o paradeiro de Dom Phillips, Bolsonaro afirmou que o correspondente estrangeiro “era mal visto na região” porque fazia reportagens contra criminosos e que deveria ter tido mais atenção “consigo próprio”.

“Esse inglês era mal visto na região, porque fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental, então, naquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio e resolveu fazer uma excursão. A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele, lá tem pirata no rio, lá tem tudo que possa imaginar lá”, disse o presidente à jornalista Leda Nagle.

O presidente, no entanto, em nenhum momento comentou sobre a falta de segurança na região que tornou possível esse desaparecimento, tampouco mencionou a nota emitida pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), na segunda-feira (6), dia seguinte à notificação do sumiço da dupla na Amazônia.

Referindo-se a Dom Phillips e a Bruno Pereira apenas como “um jornalista inglês” e “um indigenista”, a nota do CMA informou que o comando “está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história”.

“Contudo”, continuou a nota do CMA, “as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”, e de fato foram acionados dias depois, conforme aumentou a pressão internacional e se aproximou a participação de Bolsonaro na Cúpula das Américas, na quinta (9) e sexta-feira (10) da semana passada.

O Tempo

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