Limão tem substâncias que podem combater a Covid-19, descobrem pesquisadores cearenses


Pesquisadores de universidades cearenses descobriram que o limão possui compostos naturais específicos capazes de combater o Sars-Cov-2, agente causador da Covid-19. O estudo foi publicado internacionalmente em 2021, e, neste ano, incluído na base de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O achado faz parte de um trabalho de Victor Moreira de Oliveira, estudante de graduação em Química, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, vinculada à Universidade Estadual do Ceará (Fafidam/Uece), de Limoeiro do Norte, em parceria com o grupo de Química Teórica e Eletroquímica (GQTE).

O ponto de partida foi justamente o hábito cultural cearense de tomar chás de cascas de frutas cítricas, como laranja e limão, quando as pessoas ficam gripadas. Quando a pandemia estava no início, ainda em 2020, as hipóteses e testes foram iniciados.

Através de simulações computacionais, os pesquisadores notaram que quatro dos chamados limonoides têm potencial de inativar a proteína principal (M-pro) da replicação da SARS-CoV-2.
Segundo Victor, o estudo é inicial e funciona como triagem para o possível desenvolvimento de medicamentos derivados dos limonoides, uma vez que a base de dados foi disponibilizada para estudiosos de todo o mundo.

Dos oito limonoides analisados, quatro mostraram atividade promissora:

Calodendrolídeo
Pedonina
Harrisonina
Dasacetilnimocinol

Apesar do primeiro passo, é preciso continuar os trabalhos para investigar novas ferramentas que viabilizam a síntese e a caracterização de novos fármacos.

Incentivo à pesquisa
O coordenador do grupo e orientador do trabalho, Emmanuel Marinho, destaca a disponibilidade e a abundância do limão como fatores facilitadores de futuras pesquisas, já que não há necessidade de culturas complicadas ou pouco viáveis.

Para Victor Oliveira, os resultados mostram a qualidade do ensino interiorizado no Ceará.

“Grupos de pesquisa realmente nos instigam a conseguir cada vez mais e a nos aprimorar. Pelo fato de sermos novos cientistas, devemos sempre pensar no futuro, não ficar estacionados, e sempre analisar por uma nova perspectiva”, observa.
Apesar disso, o estudante também defende maiores investimentos para o desenvolvimento da ciência no Estado, através da montagem e modernização de laboratórios e da disponibilização de bolsas de estudo.

O professor Emmanuel Marinho também deseja melhoramentos nas instalações. Diante da impossibilidade, no momento, diz que buscam parceria com algum laboratório especializado para testar as substâncias.

“São fármacos que a gente acredita ter baixa toxicidade. Para um laboratório, já ter esses dados da nossa pesquisa vai dar um bom direcionamento. A importância da nossa pesquisa é justamente esse passo inicial”, destaca.

Diario do Nordeste

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