Administradora judicial do Grupo Itapemirim pede falĂȘncia da empresa


A administradora judicial do Grupo Itapemirim, a EXM Partners, pediu a falĂȘncia da empresa de transporte. Em petição assinada em 15 de julho, a administradora afirmou que o plano de recuperação judicial nĂŁo vem sendo cumprido, dado que os credores nĂŁo estĂŁo sendo pagos, e que as atividades atuais da empresa nĂŁo justificam mais sua preservação. Diz ainda ter recebido oferta da companhia Suzantur para arrendar a operação da Itapemirim, proposta que classifica como “vantajosa” Ă  massa falida e aos credores.

No documento, o representante da EXM, Eduardo Scarpellini, afirma que o patrimĂŽnio da companhia foi “esvaziado” com transferĂȘncias em benefĂ­cio de Sidnei Piva, empresĂĄrio que comprou a Itapemirim por R$ 1 em 2016, quando a companhia jĂĄ atravessava um processo de recuperação judicial.

“A saĂșde financeira e operacional do Grupo Itapemirim foi fatalmente debilitada por atos levados a efeito na gestĂŁo de Sidnei Piva de Jesus, Adilson Furlan (diretor financeiro e operacional) e Karina Mendonça (diretora jurĂ­dica). As empresas hoje geram poucos empregos, mas nĂŁo possuem mais capacidade de pagar a folha salarial, ou seus fornecedores regulares, tampouco recolher impostos. Assim, sequer cumprem com a sua função social, preceito bĂĄsico para que este instituto perdure ativamente”, diz a petição.

Scarpellini destaca também que R$ 45 milhÔes da empresa de transporte rodoviårio foram desviados da conta da recuperação judicial para a criação da companhia aérea ITA, que deixou de operar em dezembro do ano passado, deixando milhares de passageiros sem transporte.

A EXM ainda afirma que o Grupo Itapemirim não vem apresentando suas demonstraçÔes contåbeis nem informaçÔes de folha de pagamento, além de não demonstrar interesse para parcelar suas dívidas tributårias.

De acordo com a administradora, o quadro de funcionĂĄrios da companhia passou de 3.776 em 2017 para 197 no ano passado, mas os trabalhadores nĂŁo tĂȘm recebido seus salĂĄrios, e o faturamento, que chegava em mĂ©dia a R$ 15,6 milhĂ”es por mĂȘs em 2021, agora estĂĄ em R$ 373,4 mil. As linhas de transporte rodoviĂĄrio concedidas pela AgĂȘncia Nacional de Transportes Terrestres foram canceladas e ĂŽnibus do grupo estĂŁo depredados. Tudo isso, segundo a EXM, inviabiliza a recuperação da empresa.

A administradora propĂ”e que a Justiça autorize um contrato emergencial entre a massa falida e a empresa Suzantur. O contrato permitiria o arrendamento de todas as linhas, os guichĂȘs, as marcas e parte dos imĂłveis operacionais do Grupo Itapemirim por doze meses, renovĂĄveis por mais doze.

A Associação de Credores Trabalhistas e Ex-FuncionĂĄrios do Grupo Itapemirim, no entanto, se posicionou contra a proposta, pois ela violaria a decisĂŁo da Ășltima assembleia de credores, em que ficou definido que a empresa apresentaria um novo plano de recuperação judicial. “Esta Associação tem o direito de saber o porquĂȘ de a Suzano (Suzantur) ser favorecida, sendo que ela nĂŁo Ă© a Ășnica empresa do ramo no mercado e, com certeza, existem outras empresas com interesse e com valores e/ou propostas melhores”, diz uma nota assinada pelo presidente da associação, Paulo Adame.

Procurado, o Grupo Itapemirim afirmou que sĂł vai se pronunciar nos autos. O EstadĂŁo nĂŁo conseguiu falar com a EXM Partners e a Suzantur.

 

(EstadĂŁo ConteĂșdo)

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