Cientistas descrevem 1º caso de coinfecção por HIV, Covid e varíola dos macacos


O surto atual de varíola dos macacos, que atinge mais de 96 países, tem apresentado casos comuns de coinfecção entre a doença causada pelo vírus monkeypox e outros agravos de transmissão sexual, como sífilis e herpes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os casos de monkeypox registrados no mundo em que há identificação de sorologia para HIV, 45% são positivos. Os dados constam no boletim epidemiológico da OMS divulgado na quarta-feira (24).

Médicos da Universidade de Catania, na Itália, descreveram o primeiro caso de um paciente que apresentava coinfecção dos vírus monkeypox, HIV e SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Os achados clínicos foram divulgados no periódico científico Journal of Infection, no dia 19 de agosto.

Detalhes do caso

De acordo com o estudo, o paciente é um homem italiano de 36 anos, que esteve cinco dias na Espanha, entre 16 e 20 de junho. Nove dias após a viagem, ele apresentou febre alta, acompanhada de dor de garganta, fadiga, dor de cabeça e aumento dos gânglios – sintomas comuns da varíola dos macacos.

No dia 2 de julho, o homem testou positivo para a Covid-19. Na tarde do mesmo dia, surgiram os primeiros sinais de lesões na pele, no braço esquerdo do paciente. No dia seguinte, pequenas bolhas dolorosas apareceram no tronco, nas pernas, no rosto e nos glúteos.

Com um aumento progressivo das bolhas, que começaram a evoluir para pústulas, que são aquelas com a presença de pus, o homem buscou atendimento médico no serviço de emergência do Hospital Universitário de Catania, de onde foi transferido posteriormente para a unidade de doenças infecciosas.

De acordo com o estudo, o paciente relatou fazer tratamento para sífilis desde 2019 e ter testado negativo para HIV em setembro de 2021. Além disso, afirmou que tomava medicação diária para o tratamento de transtorno bipolar. O paciente, que recebeu duas doses da vacina da Pfizer, disse ainda ter contraído a Covid-19 em janeiro. Na consulta, ele afirmou ter tido relações sexuais sem preservativo com homens durante a estadia na Espanha.

Com sinais de febre, cansaço, dor de cabeça e dor na faringe, o homem apresentava lesões na pele em diferentes estágios de progressão, característica que tem sido observada em diversos casos no surto atual, segundo infectologistas.

Os médicos coletaram amostras das lesões de pele e secreções da nasofaringe, que foram processadas pelo Laboratório de Referência Regional, no hospital universitário. Os testes de diagnóstico molecular e de sequenciamento revelaram a presença do vírus monkeypox, do grupo viral (ou clado) II, associado ao surto na Espanha, e da linhagem Ômicron (BA.5) do coronavírus.

Investigação completa

Pelo histórico relatado pelo paciente, os médicos também realizaram exames de triagem para outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). As sorologias para hepatites virais, herpes simples, gonorreia, clamídia e linfogranuloma venéreo foram negativas. No entanto, o teste de HIV apresentou resultou positivo com carga viral de 234 mil cópias/mL.

“Este caso destaca como os sintomas da varíola dos macacos e da Covid-19 podem se sobrepor e corrobora como em caso de coinfecção, a coleta anamnésica (ouvir o relato do histórico do paciente) e os comportamentos sexuais são cruciais para realizar o diagnóstico correto”, dizem os pesquisadores no artigo.

O médicos alertam que possibilidade de coinfecção entre monkeypox e Covid-19 pode ser algo comum, principalmente entre pacientes com histórico recente de viagem. Segundo os especialistas, os achados devem incentivar a realização de testes para o coronavírus, além de triagem completa para outras infecções sexualmente transmissíveis após o diagnóstico de varíola dos macacos.

Foto: Divulgação / Fonte: CN Brasil

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