
Casos como o dos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em colheita de uvas na Serra Gaúcha aumentaram 174% no Brasil desde 2020, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em 2022, 2.575 pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão, maior número desde 2013; em 2020, eram 938.
Submetidos até à violência física, mais de 200 homens foram resgatados em Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, em condições de trabalho escravo. Situações como essa se multiplicam pelo país desde 2020. O Ministério Público do Trabalho (MPT) é uma das entidades responsáveis pela fiscalização e pelo combate ao problema.
Segundo Italvar Medina, procurador do MPT, a ausência de reforma agrária, aumento de desmatamento ilegal e atividades clandestinas como o garimpo também contribuem para ampliar casos de escravidão contemporânea. “É um conjunto de fatores que pode conduzir ao aumento de trabalhadores submetidos a essas situações deploráveis”, alerta.
Com anos de atuação no Ação Integrada, projeto desenvolvido pelo MPT-RJ com a Cáritas-RJ para combater o trabalho escravo moderno, Ludmilla Paiva diz que discursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ajudaram a naturalizar condições indignas de trabalho. Para ela, o governo Bolsonaro ajudou a sucatear o combate à escravidão contemporânea com diversas ações, como a extinção do Ministério do Trabalho.
Sancionada em 2017, a Lei nº 13.429, também conhecida como Lei da Terceirização, é apontada por Maurício Krepsky, coordenador nacional do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Análogo ao de Escravo, como um dos fatores que podem ter contribuído para o crescimento de casos de escravidão moderna.
Metrópoles.
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