ARTIGO ACADÊMICO - A gaiola: o homem cria sua própria prisão

A GAIOLA: O HOMEM CRIA SUA PRÓPRIA PRISÃO


RESUMO: A partir do momento em que o homem nasce e é envolvido pela sociedade, é doutrinado em costumes, prazeres, crenças, ideologias e outros fins.Tais pensamentos levam o homem a possuir uma visão fixada do mundo e das coisas que o compõem. O ser vive demasiado perante a seus costumes, pois cresceu modulado acreditando que aquilo que o cercara era o absoluto. Mas ao abrir seus olhos e questionar os motivos que o levaram a crer em tudo que seguia, ele passa a olhar distorcidamente ao que chamara até então de realidade.

INTRODUÇÃO: 

 Tudo aquilo retratado pelo ser humano, é atribuído como a verdade. O que é observado tende a ser o que é, pois é mostrado da forma como é visto. O ser não se dá o trabalho de indagar se aquilo que ele vê, ou até mesmo o modo como ele vive é realmente a realidade, pois está acostumado a aceitar tudo que é vindo do exterior, ou seja, tudo aquilo que o mundo lhe oferece.


É justamente essa ideologia que o filosofo grego Platão vai apresentar ao mundo. Considerada uma, se não a mais importante das alegorias no mundo filosófico, "O mito da caverna". Essa metáfora trabalha com a ideia do homem que vive no interior de uma caverna, os homens ali presentes estão de costas e amarrados, apenas contemplando imagens de animais e coisas, que são mostradas em sombras, através de uma fogueira. Para os homens, aquela era a realidade, mas a imagens nada mais eram que sombras refletidas do mundo real, para o interior da caverna, porém essa realidade verdadeira era desconhecida dos homens, pois tinham o conhecimento da verdade limitado. Tudo que acreditavam durante a vida na caverna, não passou de uma ilusão. viveram presos em uma falsa realidade, acreditando apenas no que entendiam.

Quando um dos homens resolve sair da caverna, ele observa algo que nunca tinha visto: Paisagens, animais, tudo de uma forma contrária ao que via até então. Aquela era a verdadeira realidade, e tudo que via no interior da gruta foi apenas reflexo da fogueira. Entusiasmado, o homem volta a caverna e conta a seus amigos tudo que via, e claro, seus semelhantes zombam de sua cara, pois não compreendiam nada que não podia ser visto, então para eles tudo acaba sendo uma farsa, e assim, matam-no.



É justamente isso que será abordado neste texto: Como o homem vive julgando seu entendimento como verdadeiro e absoluto? como entende a realidade? O mundo é cheio de gaiolas, sejam elas ideológicas, politicas ou religiosas. O homem não nasceu para ser livre, pois onde seja que vá, estará sujeito à gaiolas, e sem ao menos se dar conta, já estará preso em uma. 

DESENVOLVIMENTO:

Analisando bem a vida cotidiana, não é necessário ser um filosofo diplomado perceber que o ser humano nada mais é que um pássaro engaiolado, já que o homem vive limitado no seu conhecimento. Desde que nasce, o homem já é alvo de doutrinas, culturas e costumes. São esses hábitos que tornam-no uma criatura de gaiola e limitada. O modo de vida a qual o ser pertence, o faz aceitar tudo aquilo que é visto e ouvido, como a verdade. Ele aceita não por medo ou angustia, mas por não se dar o trabalho de questionar o mundo como é visto pelo homem. De tal maneira, a realidade para aqueles que não a compreendem, pode ser uma tortura, pois vivem a beira de uma ilusão, ou seja, a realidade ou mundo no qual o indivíduo se fixa.

Falar de realidade se torna algo extremamente complicado, pois apresenta a ideia que existem realidades distintas, na qual o homem vive é na verdade sua ilusão criada a partir do que observa, e torna aquilo compreensível ao seu conhecimento. Uma criança que cresce em determinada cultura, obterá ensinamentos através da tradição de doutrinar sempre a próxima geração, assim, a criança crescerá com costumes e práticas, atos e pensamentos onde para o indivíduo, serão ações boas e corretas. Mas esses mesmos costumes para crianças de outras culturas, pode ser algo extremamente abominável e errado, pois seu modo de criação lhe permitiu ver as ações com outros olhares.



A este ponto, a realidade já faz parte totalmente do individual, onde cada ser possui sua própria, e assim faz o uso da mesma e a trata de forma real e absoluta. Em outros casos, a realidade criada advém de um grande grupo que possua certo respeito a quem os segue. Sejam grupos religiosos, culturais e até mesmo políticos (Hitler se encaixa como um bom exemplo, pois usou uma ideologia para convencer em massa os cidadãos alemães, e com isto, se tornou o Führer, que significa grande líder). 

CONCLUSÃO: 

É compreensível determinar que o homem nunca se libertará das gaiolas que ele mesmo cria, pois as ideologias, crenças, ações, todas estas coisas são fruto de alguma necessidade humana. Seja esta por interesses pessoais ou certas angustias de não aceitar como as coisas são e como tendem a ser


O homem nunca será um pássaro a voar enquanto possuir tais interesses e ambições, ligações com o mundo que o impeçam de bater asas, voar, e sempre se perguntar o motivo pelo qual o leva a seguir uma linha ideológica. 

Quando aplicada em sala de aula, a alegoria da caverna resulta em boas reflexões. A tendência é a elaboração de reflexões aplicadas a diversas situações do cotidiano, em que a caverna é comparada às situações como o uso de drogas, manipulação dos meios de comunicação e do sistema capitalista, desrespeito aos direitos humanos e à política. Ao materializar e contextualizar o entendimento desse mito é possível debater sobre o resgate de valores como família, amizade, direitos humanos, solidariedade e honestidade, que podem aparecer como reflexões do mundo ideal.


Referências: 

Revista Filosofia: Mito Da Caverna, Pablo Fabiano B. Carneiro, professor de Filosofia e História geral do Brasil para ensino médio. Coautor do livro ''Coisas Da Filosofia e Fatos Sociais" ,Editora: Allprint.

Thomas William Lopes Alexandre 
Acadêmico de Filosofia na - UFCA 
 

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