Promoção Black Friday: inflação desanima e deve encolher vendas na primeira vez em 5 anos


A forte pressão da inflação – acumulada em 10,67% nos últimos 12 meses – está corroendo tanto o orçamento das famílias quanto a margem de lucro das empresas, o que deve resultar em uma promoção Black Friday mais comedida neste ano.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o volume de vendas na Promoção Black Friday deve encolher pela primeira vez em cinco anos.

A estimativa da entidade é que a quinta maior data do varejo movimente R$ 3,93 bilhões neste ano, que representa um crescimento de 3,8% no faturamento em relação ao ano passado e o maior volume desde que a data foi incorporada ao calendário do varejo nacional em 2010. Porém, descontada a inflação, o volume deve apresentar recuo (-6,5%) pela primeira vez desde 2016.

Esta pressão inflacionária corrói a renda das famílias, que já bateu recorde de endividamento neste ano, e aperta o lucro das empresas que já têm dificuldades em repassar reajustes vindos da indústria. Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do FGV IBRE, considera uma desaceleração em termos reais na promoção Black Friday deste ano:
“Temos observado nas sondagens que as vendas vêm diminuindo. O mercado está em uma situação delicada, os auxílios (emergenciais) são inferiores e, aliado a um mercado de trabalho sensível, o cenário macroeconômico está fragilizado.”

Para driblar este cenário, as grandes redes redirecionam a estratégia para cashbacks, frete grátis e, principalmente, parcelamentos mais longos, como a Via, detentora das marcas Ponto e Casas Bahia, que está dividindo em até 30 vezes as compras, com o primeiro pagamento só para daqui a 100 dias, ou seja, em 2022, em compras no cartão das lojas.

E, durante novembro, os clientes podem renegociar as parcelas do carnê em atraso, tendo desconto de até 90% do valor, além de reparcelamento da dívida em até 36 vezes. O superintendente de recuperação de crédito da Via, Danilo Machado Rosati, diz que as decisões foram tomadas para frente ao impacto da pandemia no orçamento das pessoas.

“Dessa forma, elas podem se organizar e aproveitar as promoções da Black Friday. Comprar agora e pagar depois é uma oportunidade de consumo à população desbancarizada.”

Na Havan, cuja expectativa é superar o desempenho do ano passado, os clientes que compram no cartão da loja podem parcelar em até 15 vezes sem juros ou 10 vezes sem juros e sem entrada entre as promoções Black Friday. A empresa tem ainda o “pula-pula”, na qual o consumidor paga a primeira parcela somente após 60 dias.

Outra tática para atrair o consumidor é a de diversificar ainda mais os produtos, seja acompanhando as tendências, principalmente via rede social, para ser assertivo nas ofertas ou destacando peças mais caras para atender classes mais altas para equilibrar com o consumidor mais fragilizado.

A Amazon fez um combo de ações que compreende exclusividade para clientes prime, frete grátis, ofertas do aplicativo e uma seleção de itens em promoção a cada dia, além dos descontos. Quanto ao parcelamento: em até 10 vezes sem juros, e em até 12 vezes para dispositivos Amazon.

“Os descontos terão tempo limitado em diversas categorias, além de cupons do dia com ofertas exclusivas no aplicativo da Amazon Brasil”, pontua Marcelo Giugliano, líder de varejo na Amazon Brasil.

Ig

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